quinta-feira, 28 de abril de 2011

Ibsen

Ibsen mostra em suas peças que qualquer pessoa que adotar uma posição minoritária acaba perdendo

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Antes de Ibsen, todos sabiam quem era bom e quem era ruim, quem estava certo ou errado. Não tinhamos que pensar a respeito. A partir de Ibsen, temos de optar ao sair do teatro.

(...)

Ibsen nunca diz que alguém está errado. Todos os personagens tem direito de viver e seguir seu próprio caminho. E, se ninguem está certo, não há herói algum.

(...)

Você é forçado a pensar em tudo em termos da ação e do confluto. Se você não pode representar a partir da idéia de que "eu sou um vilão", você é obrigado a construir seu personagem a partir do "estou certo".

(...)

Se você é platéia, não procure herói ou vilão. Se você é o ator, fique do lado de seu personagem.

(ADLER, Stela)

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Dificuldade de Governar

Todos os dias os governantes dizem ao povo como é dificil governar, ou será que governar só é assim tão dificil porque a exploração e a mentira são coisas que custam a aprender?

B. Brecht

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Ibsen, por Stella Adler

Ibsen é o pai do Realismo (...) Realismo é uma forma de crítica social - é o teatro da compreensão.
O teatro moderno é um teatro de pensamento. O teatro realista é um teatro pensante, verbal. Não há muitas piadas. Não se dança muito no realismo porque, se você usa seus pés, não pode usar também a cabeça. O realismo precisa de uma platéia inteligente para escutar o que ele tem a dizer. Então o realismo tem tudo a ver com o ato de pensar.

ADLER, Stella - Chekhov, Strindberg, Ibsen - p. 33

quarta-feira, 20 de abril de 2011

CONCEPÇÃO

A montagem de “Um Inimigo do Povo” é a oportunidade de trazer através de um texto realista o questionamento sobre o social, o poder e as possibilidades humanas. Na atualidade as questões individuais estão sobrepostas ao coletivo, o que realmente importa está centrado no “eu”. O texto relata a disposição de um homem em pensar no coletivo colocando-se contra o sistema, levando esta atitude até as ultimas consequências em busca do bem estar de outras pessoas.

Até que ponto estamos dispostos a refletir sobre o que sabemos que existe mas fingimos não ver? Corrupção. Tapação do sol com a peneira. Qual o peso do dinheiro sobre a verdade? Qual a influência do sistema capitalista em nossas vidas? É possivel ao governo conciliar o capitalismo com os interesses sociais? Ibsen tratou em 1882 de algo que hoje é tão forte e arraigado em nossa sociedade.

Os interesses pessoais também são retratados como flutuantes, têm uma mobilidade direcionada de acordo com os beneficios apresentados.  A falta de opinião própria aliada à idéia de estar unido ao lado mais forte faz destas pessoas joguetes nas mãos de quem “teoricamente” detém a palavra final. “Teoricamente” porque a palavra final seria mais forte se decidida pela maioria consciente de sua função cidadã e responsabilidade pelos caminhos de sua comunidade, cidade, Estado e Nação. É posição confortável e não exige conhecimento, intelecto ou capacidade de questionamento, tampouco esforço e tempo gasto, já que estamos atarefados demais preocupados com nosso mundinho reduzido ao nosso proprio umbigo.

O espetáculo será realizado com base na interpretação realista, com estudo e aprofundamento em estudiosos seguidores do método de Stanislavski (Stella Adler, Sanford Meisner, Uta Hagen). Porém a concepção guardará seu toque de distanciamento afim de estimular um pensamento crítico do público. Cenario abordará a mobilidade dos interesses com itens que contrastam a época e remetem a atualidade da situação.

ENREDO

A história passa-se numa cidade do interior da Noruega, cuja maior fonte de renda advém de sua Estação Balneária. O Dr. Stockmann inquieta-se com as doenças que turistas e concidadãos apresentam e resolve investigar a água da cidade. Para sua surpresa, percebe que todo o encanamento de água está poluído. Homem da Ciência, sente-se no dever de levar a verdade ao povo, mas sua denúncia representaria o fechamento do balneário por dois anos e uma suspeição geral levantada sobre suas qualidades, mesmo depois das obras necessárias para resolver a questão. Isso causaria um transtorno para a cidade, que deixaria de lucrar com o turismo. Não denunciar o fato, contudo, vai contra os ideais de Stockmann. Sua insistência em fazer prevalecer a verdade torna o médico persona non grata para a população, sobretudo ao defender a ideia de que os valores daquela cidade estão sustentados sobre a mentira e de que o povo não tem a razão, ou seja, a maioria não tem o monopólio da verdade. Ele torna-se assim um inimigo do povo e conta apenas com o apoio de sua família e de alguns poucos membros da comunidade, que passam a sofrer represálias por conta disso. A convicção de Stockmann em relação à verdade, contudo, faz com que ele mantenha-se firme em seus propósitos até o fim, mesmo sabendo que seu papel relevante naquela comunidade jamais será retomado.
A poluição das águas é usada como metáfora no drama de Ibsen para denunciar a sujeira na estrutura social daquela cidade – no governo, na imprensa, no comércio e na sociedade em geral.

Apresentação



O dramaturgo norueguês Henrik Ibsen (1828-1906) é considerado um dos principais autores do chamado drama realista moderno. “Um Inimigo do Povo” (En Folkenfiende) foi escrito por Ibsen na Itália, em 1882, após o escândalo causado por suas peças anteriores, “Casa de Bonecas” (Et Dukkehjem) e “Espectros” (Gengangere), e ainda é considerada por muitos como a sua peça mais polêmica e direta, demonstrando assim sua mais completa atualidade. Com uma coragem incrível, o autor apresenta um desmentido integral de toda a sua obra anterior, que defendia a importância da “verdade absoluta”. Em “Um inimigo do Povo”, Ibsen demonstra a capacidade de ver e analisar os dois lados da questão. Colocando em dúvida a verdade incondicional que tanto defendera em obras passadas, delineia um personagem dotado de traços idealistas, colocando tal obra como a peça de maior impacto no palco, numa “declaração de guerra do individualista à sociedade”, como nos relata Otto Maria Carpeaux, em seu “Estudo Crítico sobre Ibsen”. Apesar do pessimismo social, deixa antever, porém, uma vaga esperança da melhoria dos indivíduos e das instituições